Caminhando na chuva, a cabeça fervendo, os pés doendo e o coração desmanchando. Pensando na minha idiotice, na minha ingenuidade, no quanto eu me entrego e me jogo de cabeça em qualquer porta que abre a minha frente.
A culpa é minha, só pode ser. Penso quando irei parar de negar e admitirei que não fui feito pra fazer companhia a alguém, eu sou singular e não formo par. Queria poder dizer que não me importo, virar o rosto e seguir como se nada mudasse, mas eu não nasci pra dominar os sentimentos. Em mim eles mandam e desmandam como bem entender, não posso nem me dar ao luxo de dizer que sou o senhor da minha razão, em meu corpo não domino nem o ritmo mais da minha respiração.
Espero um dia saber o que tenho de errado, o que faço de errado ou se sou simplesmente incompatível. Me recuso a adaptar-me a um mundo que privilegia os insensíveis, que brinda aos rudes e recompensa os egoístas. Se assim for, prefiro passar minha vida ao lado da minha mediocridade e no embalo do descompasso do meu coração aflito.
O mundo pode me tirar a alegria, a vontade de caminhar mas nunca tirará de mim a convicção de que eu tento ser correto e não brincar com os sentimentos de ninguém. Se por acaso eu falho é por ignorância e imaturidade, não por falta de caráter ou cretinismo.
Eu continuo vagando por entre rostos e abraços, mendigando carinhos e afagos na esperança de que um dia alguém me abrace por saudade e não por piedade. Eu continuo apostando no amor e no sentimento, mesmo sabendo que posso estar soprando contra o vento o barco que carrega meu coração.
Abração do Juca