O Legado de um Cavaleiro Caído


Era primavera no Reino de Liv e o vento soprava calmamente entre as árvores e riachos que adornavam o lugar. Liv era um reino rico e próspero e nessa época do ano tinha plantações e moinhos funcionando a toda capacidade, e não raras eram as festas e banquetes que aconteciam para toda a população.

Liv atraía os olhares invejosos de reinos vizinhos, graças a sua prosperidade e pela visível qualidade de vida de seus moradores. Liv possuía também o maior e melhor treinado exército da região, visto que era constantemente visada por andarilhos e vagantes que desejavam estabelecer moradia dentro de seus portões.

Todos os anos o exército fazia uma apresentação pro povo que residia em Liv, arqueiros exibiam sua maestria com as flechas, a cavalaria impecável com seus cavalos num trote sempre em harmonia, catapultas e equipamentos de guerra esculpidos a mão com detalhes em ouro desfilavam imponentemente pelas ruelas do reino, ao som dos gritos e saudações de quem os observava. Mas a atração principal era o cavaleiro Hjerte que marchava a frente de todo exército, conduzindo-os durante a marcha Hjerte era mais alto e forte que qualquer outro cavaleiro já visto, todos o admiravam por sua força e coragem, e enquanto passava meninos e homens brilhavam os olhos diante dele, sonhando um dia ser igual ao grande guerreiro.

Hjerte usava uma armadura negra que cobria todo seu rosto, inclusive sua face, todos se perguntavam do que ela seria feita, muitos a chamavam de Fjaer, uma ironia levando em conta o significado da palavra. Nunca ninguém o viu sem Fjaer e há rumores de que ele não seja um simples humano, devido a sua força descomunal que nunca lhe deixou sair de uma batalha derrotado. Sorg é o nome de seu cavalo, coberto por uma crina negra e brilhosa contrastante com olhos grandes e vermelhos, cavalga como se orgulhoso por levar tal guerreiro em seu lombo. Hjerte empunhava Usikkerhet, sua lança, num tom vermelho quase negro, alguns dizem que pode matar qualquer ser vivo apenas com um toque. Muitos assoviavam e atiravam flores ao seu colo, e ele quase que petrificado continuava liderando seu exército.

Hjerte não era um cavaleiro comum, e seus serviços só eram requisitados em caso de extrema necessidade, não agradava ao Rei de Liv o fato de não poder contar com Hjerte sempre, mas como não podia se dar ao luxo de esbanjar tal herói, se submetia a vontade dele.
Hjerte morava sozinho num vale perto de Liv, longe de qualquer moradia ou estabelecimento, pois gostava da solidão e da privacidade que lhe sempre foi peculiar. À noite, iluminado apenas pelos satélites naturais e vaga-lumes, Hjerte se banhava ao leito do rio, depois de ter se certificado que ninguém estava a sua volta a lhe espionar.

Algumas semanas depois do festival do exército Liv foi atacada por um grupo de Venns, guerreiros mercenários que vagam por reinos a procura de dinheiro e tesouros. O exército de Liv foi capaz de se defender mesmo sem a ajuda de Hjerte, mas um estranho testemunho foi dado por um Venn capturado em batalha. Eles tinham sido contratados por um Mago chamado Ensomhet, e a ordem era matar Hjerte a todo custo, para que Ensomhet, livre da ameaça do cavaleiro, pudesse tomar Liv. Apesar de subjugados o Venn capturado alertou Liv de uma possível ameaça, caso eles falhassem em sua missão, Ensomhet o próprio atacaria Liv visando matar Hjerte.

Então um mês depois do incidente com os Venns, durante um treinamento que Hjerte ministrava com o exército no meio do reino, Ensomhet surge montado em seu dragão Alltid, acompanhado de guerreiros montados em javalis que tomaram rapidamente a citadela. Ensomhet, como havia prometido, partiu na direção de Hjerte, que ajudava os cavaleiros a conter os invasores. Os arqueiros, que estavam a postos nas torres, alvejaram Alltid e nuvens de flechas pareciam não ter efeito nenhum na couraça dura e resistente.

De longe Ensomhet já massacrava Hjerte com magias de todos os elementos, que Sorg com toda sua agilidade evitava e continuava correndo enquanto Hjerte pensava em um jeito de atacar o Mago alado.
Foi então que num deslize de Sorg, que atropelou um javali que jazia morto no chão, Hjerte veio ao chão e rapidamente se tornou vulnerável aos ataques de Ensomhet. Neste momento Ensomhet conseguiu atacar Hjerte com uma rajada de vento tão forte que foi capaz de arrancar parte da armadura de Hjerte, deixando seu corpo desnudo frente a multidão perplexa, que pela primeira vez observava tal cena.

O tempo pareceu parar, os que olhavam a cena incrédulos esfregavam seus olhos, como se estivessem sob o efeito de algum feitiço que fizera seus olhos os traírem. Ali, ajoelhado em meio ao campo de batalha, estava o verdadeiro Hjerte, um homem magro e pálido, castigado pelo tempo. Mas o mais incrível, que fez até mesmo Ensomhet balbuciar alguma praga, foi a revelação do que se escondia debaixo de Fjaer, no meio do peito de Hjerte, pulsando sem parar, ao ar livre e vermelho como sangue, estava o coração de Hjerte, vulnerável a qualquer ataque, exposto a luz do sol.

Depois de retomar sua consciência e se voltar ao seu objetivo, Ensomhet desferiu o ataque final e com uma lança de gelo penetrou o coração de Hjerte. No mesmo momento que seu coração foi invadido, Hjerte sentiu seu corpo sendo tomado por uma força estranha, e como numa intervenção divina, Hjerte e todo Reino de Liv se viu tomado por uma luz branca que cegou todos instantaneamente. Quando o clarão cessou, não se viu mais vestígios de Hjerte, Sorg, Ensomhet ou Alltid e tudo que se sentia era uma calma brisa que parecia sussurrar que a ameaça tinha passado.

No lugar da morte de Hjerte foi erguida uma estátua em sua homenagem, a estátua mostrava Hjerte montado em Sorg, e em seu peito, incrustado na réplica de Fjaer estava um diamante vermelho em forma de coração.
E o Rei ordenou que fosse feito um templo sepulcral para Hjerte, aonde todos os dias pessoas rezam e pedem para que Hjerte guie seus corações perdidos e aflitos. E tudo que sobrou de Hjerte foi a lápide que dizia:

“Aqui jaz Hjerte, que teve como rumo de sua vida a lealdade à Liv
nunca nos esqueceremos e sempre rezaremos à sua figura e exemplo
para todo sempre será lembrado e louvado como salvador de nosso Reino
onde você pisou, beijaremos
onde você se entregou, oraremos
nossas crianças carregarão sua esperança
nossas espadas carregarão sua perseverança
por você nos reerguemos, por você sempre lutaremos
aonde você estiver, sobre nós estenda sua mão
Divino cavaleiro que nos deu seu coração."

2 pitacos:

Biscoito disse...

Tá, eu li...
Achei bem interessante a "Mitologia do Juca". De onde é esse texto? Autoria própria ou copias de algum lugar (que nem que eu)?!

É, aquele lá foi copiado de algum lugar que não lembro.

Abraços!

Juca disse...

Hmmmm
Pois é, esse é meu mesmo...
Todo texto que eu botar aqui vai se meu, a não ser que seja algo que eu queira muito compartilhar, aí eu vou deixar bem claro que não é meu...

Abração Biscoito