Engolindo Sapos e Arrotando Metáforas (Culto a Afasia)

Agora sim começarei com o real motivo desse blog que é divulgar minhas aventuras pelo mundo literário, não é minha intenção ser genial, tocar no coração ou falar o que todo mundo precisa ouvir mas se acabar acontecendo vai vir a calhar. Então resolvi começar com um dos meus textos preferidos.

Então com vocês:
Engolindo Sapos e Arrotando Metáforas (Culto a Afasia)

Os anos passam e, madrugadas adentro, carregam com eles minhas unhas e todo sal do meu corpo. Ao longo da jornada que é viver, vomito aos meus pés os escorpiões que me arrancam as vísceras e envenenam meu sangue. Ao mesmo tempo em que me sinto melhor por dentro, paro de andar com os pés entregados aos ferrões.

Vivo em bibliotecas gigantes, por mais que muitos tentem me ajudar sempre acabam por superestimar suas ações, pois pra me ajudarem a ler livros grandes e empoeirados acabam por me soprar o pó nos olhos me jogando a cegueira e novamente tenho que agradecer com um aceno e me contentar com a intenção.

Flutuando em meio a um mar de vitórias-régias me deixo levar pela correnteza, mas como uma brincadeira do acaso, sempre retorno à estaca zero aonde me vejo sentado olhando ao desfile de máscaras felizes passar e me sentir excluso por ser o único a não usar uma máscara.

Nesse mundo onde já tiraram espada de pedra, onde vida já renasceu através do toque dos lábios e gigantes sucumbiram à pequenas pedras para que você pudesse ter um bom sono à noite o que eu devo fazer para não continuar levando flechadas nas costas sempre que exponho minha pele ao sol?

Por onde passo vejo mãos erguidas em direção à Lua, falsos brindes a deuses que parecem não dar a mínima pra quem os saúda, mas o que seria de nossas vidas se não tivéssemos alguém para não poder desapontar ou nos repreender por ser felizes demais?

Eu só queria poder dizer que sou senhor do meu destino, que no final das contas tudo que fiz não foi em vão e que os sorrisos que causei foram suficientes para manter-me vivo no coração de outras pessoas. Eu só queria poder chegar ao final de tudo e poder olhar pra trás sem medo de me tornar duro como pedra, livre do esquecimento, sabendo que alguém me assistiu criar manias ao longo do tempo e, ao invés de me disparar flechadas, derramou lágrimas contra o vento.


Espero que seja de agrado de alguém pelo menos.
Abração do Juca

4 pitacos:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Um tanto triste seu texto, em um tom de desabafo, mas bem interessante, gostei mesmo
abraço

Blinding Angel disse...

Esse texto é teu mesmo?
A coisa mais triste que tem na vida é estar em uma festa de máscaras com nosso rosto descoberto, cercados de marcarados esperando pormos nossas costas ao sol para desferir flechadas.

Mas infelizmente o mundo é assim. Continuo sem máscaras, mas também não ponho mais um alvo nas costas.

Sei que meu sorriso serve de conforto para alguém e isso basta. Coexisto com quem preciso, convivo com quem quero, vivo com quem amo. O resto é apenas resto.

Algumas vezes, outras nem tanto disse...

yeah!